Quando o encontro é bom, é difícil controlar o impulso sexual de já dormir com ele na primeira noite. Mas pode? O sexo no primeiro encontro gera opiniões conflituosas. Há quem diga que após a noite de prazer ele te julgará uma mulher fácil e não irá propor vê-la novamente. Outros defendem que este pensamento é arcaico em novos tempos de emancipação feminina. E com você? Já aconteceu? Conheça a opinião de homens, mulheres e terapeutas quando a questão é transar ou não transar na primeira noite.
"O sexo adquiriu novas proporções e começou a desempenhar um papel importante na qualidade de vida. No entanto, o conceito de que mulher que faz sexo no primeiro encontro não é uma parceira adequada para um compromisso sério ainda é visto nos dias atuais", ressalta Giovanna Lucchesi, psicóloga do Instituto Paulista de Sexualidade.


Para a designer Mara C., 32, a decisão de transar ou não na primeira saída varia de situação para situação, ou melhor, de homem pra homem. "Eu tento acertar, mas às vezes me engano. Já aconteceu com caras que eu achava serem super moderninhos e acabou que eles não me ligaram no dia seguinte. E já rolou com outros a quem julgava mais caretas e com quem acabei tendo um relacionamento sério", conta Mara, que atualmente namora um cara com quem só foi pra cama no quarto encontro. "Depois de quebrar a cara algumas vezes, preferi não arriscar", declara. Mara tem certos cuidados na primeira vez que vai para cama com um novo rapaz. "Procuro sentir qual é a dele para não assustá-lo. Tem certas coisas que só podemos fazer depois de pegar intimidade", diz, listando, por exemplo, usar palavras de baixo calão e fazer sexo selvagem.

O diretor de cinema e vídeo Leo Sassen, 40, gosta quando o sexo flui naturalmente – na primeira ou na décima noite. "Tem vezes que a cama na primeira noite é natural, flui. Já me aconteceu algumas vezes, sendo que, com uma delas, namorei por muitos anos e fomos super felizes. Se a noite rolou legal, foi especial e teve química, por que não ir para a cama?", questiona. Léo acha que as mulheres estão cada vez mais liberais e transar na primeira noite tem acontecido com mais freqüência. "Quando a mulher chega aos 30 anos, a cabeça está mais aberta. As mais novas ficam inseguras", teoriza.

Para o diretor de cinema, a mulher que transa na primeira noite mostra que não tem preconceitos. Mas vem cá: os homem não vão ter preconceitos com ela? "Tá certo que eu não faço parte da maioria machista dos homens. Tenho amigos que gostam de ‘arrastar as mulheres pelos cabelos' e acham que mulher que vai para a cama na primeira noite é vagabunda. Ainda bem que não é meu caso", brinca o diretor, lembrando que as mulheres também são machistas e conservadoras e ficam com medo de serem tachadas de fáceis.

Há mulheres que se sentem tranquilas e se permitem transar sem preocupações a respeito dos possíveis pensamentos que seu parceiro possa vir a ter. "Outras, permeadas pelo discurso social que ainda existe, temem serem rotuladas", destaca Lucchesi, lembrando que há quem prefira ter contato sexual após uma maior intimidade com o parceiro. A psicóloga ressalta que não existe uma regra clara do que se deve ou não fazer no primeiro encontro. "Mas é interessante que a mulher se sinta confortável com qualquer atitude que venha ter em relação ao sexo", finaliza.

O apetite feminino por livros eróticos é um fenômeno que está à vista na livraria mais próxima. Especialmente depois do sucesso de vendas de 50 Tons de Cinza, que aparentemente foi um “aval” para que até a mais tímida das mulheres investisse no gênero sem ruborizar publicamente. Apesar dessa visível mudança comportamental, a escritora canadense Lisa Gabriele acredita que o interesse por conteúdo erótico sempre existiu por parte das mulheres.

Ela é autora do livro S.E.G.R.E.D.O. – Sem Julgamentos. Sem Limites. Sem Vergonha, publicado recentemente no Brasil pela editora Globo, e observa que, apesar de toda a revolução sexual que tirou a mulher de um papel passivo para ser dona das suas escolhas também na cama, as mais liberais ainda podem ser sinônimo de ameaça. “Acredito que os homens mais fortes amam quando as mulheres sabem o que querem e não se sentem envergonhadas para expressar isso”, afirma. E provoca: “eu penso que uma mulher sexualmente confiante pode assustar alguns homens, mas estes são homens que você quer assustar de qualquer forma”.

O livro foi destaque na última feira de Frankfurt, em outubro de 2012, e, apesar de ter vindo na onda de ’50 Tons’, em nada se assemelha à relação sadomasoquista que embala a trilogia de E.L. James.

Cassie, a protagonista, é uma garçonete que teve um casamento fracassado do ponto de vista sexual. Aos 35 anos, ela não imagina o quanto este aspecto está mal resolvido em sua vida, até conhecer uma sociedade secreta que tem por objetivo ajudar as mulheres a se encontrarem com o seu próprio desejo. A partir de então, ela aceita se entregar a diversas fantasias, como receber sexo oral de um desconhecido dentro da própria a casa ou ser tocada, por debaixo do vestido, no meio de um salão lotado de gente.